terça-feira, fevereiro 27, 2007

As pequenas ditaduras, segundo Javier Urra



Javier Urra é psicólogo clínico, pedagogo terapeuta, e trabalhou durante três anos com jovens conflituosos no Centro Nacional de Reeducação de Cuenca. É professor de Psicologia na Universidade Complutense de Madrid e vice-presidente da Associação Ibero-Americana de Psicologia Jurídica e assessor e patrono da UNICEF. Entre 1996 e 2001 foi o primeiro Provedor de Menores em Espanha e o primeiro presidente da Rede Europeia de Provedores de Menores. Dele, acabou de ser editado entre nós, pela Esfera dos Livros, «O Pequeno Ditador». Uma sinopse:

«São várias as histórias que nos falam de violência na escola, vemos notícias de professores que não conseguem controlar alunos indisciplinados, de crianças que humilham e maltratam os seus colegas. Mas há uma nova realidade, invisível, fechada entre quatro paredes que é fundamental enfrentar: os pais são vítimas da violência dos filhos dentro das suas próprias casas.

Actualmente existem casos de filhos que batem nos pais. Crianças mimadas, sem limites, a quem tudo se consente, que organizam a vida familiar, dão ordens aos pais, chantageiam quem as tenta controlar. Crianças que se tornam jovens agressivos, que enganam, ridicularizam os maiores, que não hesitam em roubar a carteira da mãe. Adolescentes que desenvolvem condutas violentas e marginais. Em suma, filhos que impõem a sua própria lei.»

Não é preciso recuar muito no tempo: aqueles cuja infância andou pelos anos setenta, princípios de oitenta, sabem, por exemplo, que por muito que não fossemos à bola com determinado professor, certo tipo de atitudes afrontosas eram-nos impensáveis, porque um professor era um professor, um mais-velho era um mais-velho. Mas isto era assim mesmo, ou é a memória a pregar partidas?; por outras palavras: a relação dos jovens com os adultos tem vindo realmente a tornar-se mais conflituosa? - e os jovens, de uma maneira geral, hoje, são mais agressivos e mais violentos para com os adultos do que eram as gerações anteriores?; e se sim, é por isso que hoje se queixam mais os professores do ensino secundário de problemas relacionados com o stress?, ou apenas porque, ao contrário de há uns anos atrás, esses problemas passaram a ser «catalogados» e tidos em conta?; e esta nova geração de pais, com maior acesso a informação, é mais hábil e inteligente a lidar com os filhos ou, pelo contrário, mais facilitista e ausente, deixando muitas vezes, a televisão e a consola de jogos fazer o seu papel?

Via aberta para a discussão: o 800 25 33 33 e a caixa de comentários desta entrada de blog - a partir das 19, com os bate-na-avó Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

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