sexta-feira, março 30, 2007

Lisboa menina e moça, menina



A convidada de hoje chama-se Catarina Saraiva e faz parte da organização da iniciativa Lisboa Ideal cuja nota de imprensa reza assim:

«Paralelamente ao projecto "Lugares Imaginários", ALKANTARA e ZDB apresentam o evento público "Lisboa Ideal". Numa cidade onde o imaginário e a utopia convivem diariamente com uma realidade conflituosa - entre mobilidade e habitação, a loja de bairro e o grande comércio, a renovação e a construção, o Tejo e a actividade portuária, a especulação imobiliária e a degradação do património, a história e a contemporaneidade ..., "Lisboa Ideal" visa juntar ideias para o futuro. ALKANTARA e ZDB convidam os habitantes de Lisboa, de todas as idades e profissões, a repensar o âmbito em que trabalhamos e vivemos. Como seria a Lisboa ideal? O que há de bom na nossa cidade? O que deveria mudar? Há coisas concretas que todos nós podemos fazer? Será que o nosso comportamento deve mudar? Ou a organização do tecido urbano? Precisamos de mais parques e jardins, transportes públicos, bibliotecas, escolas, teatros, campos de futebol, museus...? Ou precisamos sobretudo de menos? Menos carros, menos poluição, menos obras...? Não há limitações, nem instruções. Esperamos propostas concretas e sonhos talvez irrealizáveis, desabafos irreflectidos e projectos ponderados, ideais soltas e utopias construídas... "Lisboa Ideal" é um convite direccionado a todos os que queiram partilhar os seus sonhos e ideias para a nossa cidade.»

Convidamo-vos, então, nesta hora de Prova Oral, a idealizar Lisboa connosco. Mas não só Lisboa: a cidade onde vivem agora, seja ela qual for - e a compararem-na com outras cidades por onde tenham andado e, de alguma forma, vos tenham marcado. Hoje, e porque nós gostamos de variar, o número é o 800 25 33 33 mais a caixa de comentários do blogue. A partir das 19, com o cidadão Fernando Alvim e a cidadã Marisa Jamaica.

Nas segunda-feira iremos conversar com Joaquim Maria Quintino Aires, psicoterapeuta e autor do livro «O amor é uma Carta Fechada».

quinta-feira, março 29, 2007

Estádio de Choque: segundo tempo.



Foi nesse distante dia 6 de Março de 2007 (ainda o Salazar não era o melhor português de todos os tempos) que abordámos pela primeira vez o tema. E hoje voltamos à carga, desta feita com a presença de Rui Santos, autor de «Estádio de Choque», publicado pela Esfera dos Livros, o livro que nos servirá de mote. Repetindo a biografia e a sinopse:

Sobre Rui Santos:
Nasceu em Lisboa a 6 de Junho de 1960 e leva 30 anos a escrever na imprensa. Jornalista profissional, cumpriu longa parte da sua carreira ao serviço do jornal ‘A Bola’, onde publicou o seu primeiro artigo a 12 de Janeiro de 1976. Durante 26 anos, ocupou diversos lugares de chefia (inclusive o de chefe de redacção), editando revistas e outras publicações especiais, uma das quais com algum impacto internacional. Ao deixar ‘A Bola’, por vontade própria, considerando que se tinha fechado um ciclo, também crítico em relação à forma como se passou a entender o jornalismo, sempre muito dependente de outros poderes, rapidamente começou a escrever no ‘Correio da Manhã’, onde todas as semanas assina uma página de opinião, estabelecendo pontes entre futebol e política. Actualmente é comentador da SIC e da SIC Notícias, onde o seu programa ‘Tempo Extra’ é uma referência no universo do cabo.

E sobre o Estádio de Choque:
«Pessoas a servir-se do futebol sempre houve e continuará a haver. O problema é este Estado chamado Futebol estar a rebentar pelas costuras. É como um Planeta na iminência de explodir. Com tantas e tão graves atrocidades perpetradas sobre o ‘meio ambiente’, a dúvida capital é se há tempo e meios para se evitar a extinção?!» Estádio de Choque é uma análise cuidada e inteligente do universo do futebol em Portugal feita por quem há mais de 30 anos pisa este campo explosivo. Sem nunca esconder as palavras, mas com alto sentido pedagógico e de responsabilidade, Rui Santos revela, mais uma vez a sua grande determinação em combater, pela escrita, as fórmulas fáceis e comuns, no futebol português.

Tal como ficou aqui escrito no post desse longínquo 6 de Março de 2007 (oh, eu era tão novo, tão feliz, correndo singelo por esses campos afora em cantoria músicas do coração), é um tema quente, exaltado por natureza, onde tantas vezes se confunde alegremente (e alarvemente) factos com interpretação dos factos - à luz (ou à cegueira) das paixões clubistas: alguma vez seremos capazes de despir a camisola do clube e apontar sem contemplações os podres que pululam por todo o Planeta Futebol?; e quando seremos nós, em relação ao nosso clube, tão exigentes em matéria de ética desportiva como somos de resultados?; ou por outra, futebol e sensatez poderão alguma vez coexistir?

O 800 25 33 33 e a caixa de comentários do blogue à vossa espera para o que tiverem a dizer. Por isso, digam, que nós gostamos - a partir das 19, com Fernando Alvim e Ela.

Amanhã iremos idealizar Lisboa.

quarta-feira, março 28, 2007

Olhe, se faz favor, a Vida é neste sentido?


Monty Python, tinha que ser.

Já antes havíamos tido uma Prova Oral filosófica e, posto que não há uma sem duas (o ditado não é bem assim, mas para agora dá jeito), resolvemos repetir a dose: cá vai a nossa alma de mochila às costas outra vez, por esses trilhos inóspitos da existência afora, à procura do sentido da vida. Achá-lo-á?; é o sentido da vida coisa que se encontre como o berlinde que deixámos esquecido não sei onde e que o gato se encarregou de, pata-a-pata, esconder num sítio mais obscuro ainda, provavelmente debaixo da estante grave da biblioteca que há três gerações permanece encostada à mesma parede e onde só os fantasmas da família vão, amiúde, catar um livro para entreter a insónia?

Eis os nossos colegas de indagação: Celeste Machado, especialista em Filosofia para crianças e directora de um Colégio em Aveiro; Maria João Neves, especialista em Ética, Conselheira Filosófica com Gabinete em Tavira, o seu método baseia-se na Análise Fenomenológica de Sonhos; Tiago Pita, Conselheiro Filosófico, especialista no diálogo que a Filosofia estabelece com as Neurociências e com a Psicologia - todos eles membros da Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico.

A importância do contacto com a Filosofia numa idade precoce e como isso pode ajudar um indivíduo a crescer melhor; a utilidade dos sonhos na nossa vida quotidiana; a falta do culto do silêncio nos dias de hoje e a consequente escassez de espaço mental livre onde possamos arrumar os pensamentos (esta foi bonita, não foi?). Estão todos convidados a participar, a coçar pensativamente connosco as vetustas barbas (ou demais pilosidades, que isso é lá com vocês) a partir das 19, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários do blogue - com Fernando Alvim e Ela.

Amanhã, Rui Santos virá falar do seu livro «Estádio de Choque». Os ouvintes mais atentos lembrar-se-ão com certeza que esta conversa já esteve agendada antes, mas o autor não pôde comparecer. À segunda é de vez (o ditado também não é assim, mas pronto).

terça-feira, março 27, 2007

João Paulo Meneses e tudo o que se passa na rádio


Excerto do magnífico «Radio Days», de Woody Allen

O nosso convidado de hoje chama-se João Paulo Meneses, é jornalista, docente da cadeira de Jornalismo Radiofónico no ensino superior, coordenador da TSF no Porto e autor do livro «Tudo o que se passa na TSF - para um livro de estilo».

Vamos, como se adivinha, antes de mais, falar de jornalismo radiofónico: de como evoluiu nos últimos anos; se os profissionais da área estão hoje mais sensibilizados para a especificidade desse tipo de jornalismo ou migram simplesmente dos cursos de jornalismo generalistas e são, como se costuma dizer, lançados às feras; como se têm adaptado os media tradicionais à revolução tecnológica, ao advento da Internet, aos blogues, à vertiginosa velocidade com que a informação circula hoje no nosso mundo. Mas falaremos também sobre alguns tópicos de investigações a que o nosso convidado se tem dedicado nos últimos tempos: a rádio do futuro, a digitalização, a música na rádio, a geração iPod, etc..

Por isso, profissionais da comunicação, estudantes de jornalismo e afins, meros ouvidores de notícias exigentes com a informação que vos é levada a casa, ao computador, às colunas do rádio, ao ecrã da televisão, uni-vos e comentai: o telefone é o 800 25 33 33, mais a caixa de comentários deste blogue. A partir das 19, com Fernando Alvim e Cátia Simão.

PS: o tema de amanhã será «O sentido da vida» com convidados membros da Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico.

segunda-feira, março 26, 2007

A beleza depois dos 40


Sophia Loren

Como canta o nosso querido Paco Bandeira: «não adianta deitar contas à vida, a ternura dos quarenta, não tem conta nem medida». Pois é, hoje vamos falar de envelhecimento, mais especificamente do conceito de beleza depois dos quarenta - e a nossa parceira de conversa será Luísa Castel-Branco.

Num mundo tão centrado nas aparências, tantas vezes agressivo com quem não segue os cânones vigentes definidores de beleza, e onde o culto da juventude toca a obsessão, sobretudo em relação às mulheres - se bem que nestes últimos anos a pressão se tornou parecida para os dois sexos (ah pois, é ver os senhores, muito machos, a fazer as sobrancelhas, as unhas e a passar os cremezinhos, valha-me deus, que se o meu avô cá estivesse corria-os a pontapé e haviam de ir todos para a tasca da Bernarda beber traçadinhos e falar de futebol) -, como se pode ter mais de quarenta anos e ser feliz? A pergunta é só uma provocação: naturalmente pode ter-se mais de quarenta anos e ser feliz, mas se calhar valia a pena trocarmos umas ideias sobre o assunto, comentarmos da evolução ou regressão das mentalidades nestas últimas gerações; e em que ponto a preocupação, à partida salutar, com a nossa aparência e com o acto envelhecer bem, se transforma em stress, em cedência a pressões exteriores e em angústia?

Digam-nos - 800 25 33 33 - ou escrevam-nos - caixa de comentários do blogue - a vossa perspectiva sobre esta matéria, tenham mais ou menos ou exactamente quarenta anos. A partir das 19, com Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

sexta-feira, março 23, 2007

A Prova Oral vai à consulta de gastrenterologia



Ora mais fixas, ora mais secas, mais hirtas, acervejadas ou musculosas, com umbigos proeminentes, com umbigos discretos: é das nossas queridas barriguinhas que estou a falar (e de tudo o que têm dentro, incluindo esvoaçantes borboletas em tempos de paixão e potenciais pretextos para faltar a exames ou reuniões de trabalho complicadas). E delas, sobretudo do seu lado mais prosaico e funcional, falará hoje connosco, e bastante a sério, o Dr. Carlos Nobre Leitão, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa, director do Serviço de Gastrenterologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa e Presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva.

Sabiam que cerca de um terço dos portugueses sofre de doenças do aparelho digestivo?; e que a maioria dessas doenças são evitáveis através da prevenção adequada? Pois é. Vamos então saber, pelo Dr. Carlos Nobre Leitão, das pequenas boas práticas que podem prevenir-nos problemas maiores sem termos que fazer vida de monges; sobre os erros mais comuns dos nossos hábitos alimentares; aproveitar para decompor alguns daqueles mitos com que os nossos avós nos enchiam os ouvidos acerca das coisas que fazem bem ou fazem mal; enunciar sintomas que devam levar-nos a consultar um médico - e por aí adiante.

Contamos convosco na nossa marquesa, para um exame de teleapalpação (vá, coragem, a sonda está de folga): queixem-se via 800 25 33 33, lamentem-se na caixa de comentários do blogue - digam-nos onde vos dói, a partir das 19, com Fernando Alvim e Rita Amado.

quinta-feira, março 22, 2007

Pedalando com Piet Hein pelo nosso delicado país.



Excerto de um dos clássicos do cinema italiano preferido de muito boa gente, «O ladrão de bicicletas», filme do final dos anos quarenta, de Vittorio de Sica.


O senhor que se segue na Prova Oral é Piet Hein, mais conhecido entre nós como director de uma produtora de televisão, mas que acabou de editar um livro chamado «Ladrão de Bicicletas: a Vida e o Olhar de um Holandês em Portugal», com a chancela da Caderno. Diz-nos assim a nota de imprensa:

«As revelações do homem que transformou a televisão em Portugal: de ladrão de bicicletas a director-geral da produtora Endemol em Portugal, a vida de Piet Hein é recheada de aventuras e desventuras, algumas conhecidas, outras nem tanto. Considerando-se já um verdadeiro português, Piet Hein relata-nos num tom intimista o que lhe passou pela cabeça quando cá chegou, o que mais estranhou e o que mais o seduziu. O que pensa das mulheres, dos hábitos dos portugueses e da sua maneira de ser, das comparações com o seu próprio país, do seu percurso até à plena integração e da forma como já sente este país como sendo também o seu.»

Pois é, isto hoje vai dar pano para mangas: a melhor maneira de olharmos para nós próprios é, muitas vezes, através do olhar dos outros, ainda mais sendo nós um povo de tantas idiossincrasias. Como nos «digeriu» a sensibilidade de um holandês nos primeiros tempos?; que diferenças, entre nós e os holandeses, mais o irritaram e seduziram?; e na sua opinião, desde que cá chegou até aos dias de hoje - e passaram já uns aninhos -, que mudanças, evoluções e involuções, mais nos sentiu?; e já agora, qual foi o destino da minha querida pasteleira que inocentemente costumava guardar no hall de entrada do condomínio?, hum? E vamos falar também de televisão, actividade a que Piet Hein está intimamente ligado: do futuro que lhe augura, dos projectos que gostava de concretizar e ainda não teve oportunidade e por aí adiante.

800 25 33 33 e caixa de comentários aqui do blogue à disposição, a partir das 19, com Fernando Alvim e Rita Amado, neste segundo dia de primavera, de vento gélido a varrer as ruas - os senhores da meteorologia garantem que, pelo menos até sexta-feira, vai ser assim. Forretas.

quarta-feira, março 21, 2007

Tema livre para o primeiríssimo dia de Primavera.


A propósito do Dia Mundial da Poesia, um poema: a belíssima actriz Camila Morgado recitando «Os Acrobatas», de Vinicius de Moraes.

Tema livre hoje, que nós bem o tentámos prender, mas está uma ventania do caraças. Por isso, já sabem, gargantas levemente aguadas, dedinhos tecladeiros a postos e aí vamos para mais uma vertiginosa sessão de blá blá blá.

E porque é o primeiro dia de Primavera e Dia Mundial da Poesia, vamos sacudir as cinzentices do capote e falar de coisas boas: a última vitória do clube do vosso coração (e a última derrota do clube do vosso fígado, vá), o último livro que leram, o último filme ou peça de teatro a que assistiram e gostaram, os vossos pequenos prazeres quotidianos, a mesa de esplanada preferida para o jornal e o café, os vossos itinerários de lazer, as jantaradas com os amigos, a vizinha ou o vizinho do prédio da frente a que acham pinta, os cromos aí do sítio onde moram, etc.: puxem pela imaginação, que aqui estará à vossa espera o nosso 800 25 33 33 mais a caixa de comentários deste blogue, a partir das 19, com os primaveris - à volta de quem cirandam poéticas abelhinhas - Fernando Alvim e Xana Alves.

terça-feira, março 20, 2007

Rir sentado na Prova Oral, com Francisco Menezes



Francisco Menezes nasceu no Porto, a 8 de Outubro de 1973. Viveu em Lisboa até aos sete anos, regressou ao Porto - e outra vez a Lisboa, há relativamente pouco tempo, onde vive agora. Sobre ele, lemos no sítio da UAU, a sua produtora:

«Francisco Menezes ficou conhecido pelas suas várias presenças no "Levanta-te e Ri" (SIC), mas começou a sua carreira na ex-Ntv (agora RTPN) com dois programas de humor, de autoria e interpretação sua, o "N cromos" e "O desterrado", tendo depois passado pela RTP com outro programa seu, "Portugal FM". Antes disso fez rádio, cantou em casinos, e até trabalhou na secção de congelados do Continente.

É o artista quase total. Tem uma grande voz, é engraçado como o caraças e o seu texto é muito bom. Só lhe falta depilar as pernas.»

É, portanto, um humorista de pernas peludas que vamos ter em estúdio; e com quem falaremos não só do futuro da depilação a laser, mas também dos caminhos que o humor em Portugal pode tomar, sobretudo na forma de stand up comedy, da qual Francisco Menezes é exímio praticante - isto, depois do boom de há uns anos e do fim recente do mítico (para o bem e para o mal) «Levanta-te e Ri».

A importância da televisão na carreira de um humorista e o reverso da medalha: a sobreexposição que pode levar os públicos ao cansaço; o dia-a-dia de um humorista: as rotinas de trabalho e a fonte inspiração: os jornais?, as televisões?, os cromos conhecidos?, os cidadãos anónimos? - tudo isto inspira?; e já agora: terá Francisco Menezes assuntos tabu sobre os quais não goste de fazer humor? - ou tudo é matéria humorizável (a palavra não existe, eu sei, mas agora deu-me jeito). Falaremos também de influências, dos melhores, segundo a opinião do nosso convidado, humoristas da praça, conselhos aos candidatos à prática do stand up - e de tudo o que vocês se lembrarem de perguntar, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários do blogue; logo à tardinha, ao lusco-fusco, com Fernando Alvim e Ela.

segunda-feira, março 19, 2007

Valdemar Cruz, Fernando Catarino e uma vida de ensinamentos


Leonard Bernstein que, além de grande maestro, foi um grande pedagogo

Que a vida nos dá lições é uma verdade que, parece-me, ninguém contesta; mas uma verdade tão dita e redita, por tudo e por nada e tão circunstancialmente, que às vezes parece inócua. Mas não é: a vida, de facto, é uma escola e pêras (muitas pêras, a pereira toda, um pomar inteiro de pereiras e por aí adiante ou nunca mais saímos daqui).

Valdemar Cruz, o nosso convidado de hoje, resolveu pôr em livro algumas dessas lições, contadas por alguns instruendos ilustres. O livro chama-se O que a vida me ensinou e é acabadinho de sair pela Temas & Debates.

São «34 depoimentos recolhidos por Valdemar Cruz originalmente publicados no semanário Expresso em dois momentos distintos: Capa da Revista a 9 de Novembro de 2002 e, semanalmente, na Única, entre Janeiro e Agosto de 2005. Os entrevistados são nomes relevantes da sociedade e cultura portuguesas que se distinguiram pelo mérito do trabalho desempenhado em áreas distintas do conhecimento. Lutando contra «a sacralização do efémero e de um quase obsceno culto da juventude pela juventude», Valdemar Cruz estabeleceu como único critério o de reunir apenas convidados com mais de setenta anos. O resultado de anos de audição, transcrição e reconstrução de experiências de vida intensas é uma recolha de testemunhos poderosos, pessoais e únicos, que são, acima de tudo, preciosas lições de vida.

Adriano Moreira, Agustina Bessa-Luís, Álvaro Siza Vieira, Anthimio de Azevedo, António Ramos Rosa, Argentina Santos, Borges Coelho, Eduardo Lourenço, Eunice Muñoz, Fernando Catarino, Fernando Lanhas, Fernando Távora, Galopim de Carvalho, Glicínia Quartin, Helena Rocha Pereira, Helena Sá e Costa, José Manuel de Mello, José Pinto da Costa, José Saramago, Júlio Pomar, Júlio Resende, Luísa Dacosta, Manoel de Oliveira, Manuel Martins, Margarida Tengarrinha, Maria de Lourdes Levy, Maria Keil do Amaral, Moniz Pereira, Nella Maissa, Nuno Grande, Óscar Lopes, Ruy de Carvalho, Sequeira Costa e Vítor Crespo são os ilustres que relatam no livro de Valdemar Cruz as suas experiências de vida.»

O outro convidado é o biólogo Fernando Catarino, professor e notável director do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa durante vinte anos, autor de um dos depoimentos do livro - como podem confirmar na lista -; e a conversa vai ser, pois, à volta do que as vivências nos podem ensinar e da nossa atenção a esses ensinamentos: num mundo cada vez mais veloz, mais voraz, mais ruidoso, mais efémero, mais consumista, teremos nós ainda espaço mental para ouvir o que a vida, pacientemente do seu púlpito professoral, nos diz? Hum? E a maneira como hoje em dia se tratam as pessoas mais velhas e portanto, mais ricas de experiências, mais avisadas, não é também um atestado de alheamento das gerações sangue-na-guelra à reflexão, à ponderação ou, por outras palavras, ao desejo de aprender?, hum?; estaremos todos - ou a maioria de nós - mais presunçosos e mais convencidos de que sabemos tudo, ao ponto de dispensarmos com leviandade aqueles que nos podem ensinar? Como é?

Digam de vossa justiça, caros pupilos da vida, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários deste blogue, a partir das 19, com Fernando Alvim & Co.

sexta-feira, março 16, 2007

O quarteto dos três irmãos Pedro Tochas & Pedro Tochas a solo



E agora, senhoras e senhores, meninos e meninas, para algo completamente diferente, Pedro Tochas - o homem que está que nem pode - na Prova Oral. Eis os espectáculos em rodagem por aí:

Work in Progress: «Pegue em Stand-up Comedy, junte malabarismo, teatro físico e teatro de rua, misture com improviso e interacção com o público, tudo em tom de contador de histórias. Resultado: Work in Progress. Uma homenagem aos espectáculos de variedades do inicio do século XX.

O Palhaço Escultor: «Um malabarista entra num palco onde vai apresentar o seu espectáculo de circo. Devido ao contacto com o público a sua relação com o malabarismo altera-se. Neste momento os seus sentimentos tomam conta da situação, apaixona-se, zanga-se, fica contente, fica triste, esquecendo-se por vezes que está ali para fazer malabarismo. Começa a utilizar as imagens que cria com balões e outros adereços para mostrar o que sente.

Partindo deste conceito, o actor desenvolve um trabalho de teatro físico que vai para além da representação entrando no campo do entertainer. Aplicando a técnica de clown, o actor reinventa a sua relação com o que o rodeia, onde o público é convidado a participar. Partindo dos adereços tradicionais do malabarismo, ele vai acrescentando objectos do dia a dia e balões, permitindo assim uma performance dinâmica e variada, que vai ao encontro do imaginário de todos nós.

O Palhaço Escultor é um trabalho interdisciplinar onde se procura comunicar através de imagens e linguagem não verbal, onde se utiliza o teatro físico e de rua, o circo e as esculturas com balões e onde se pode notar a influência e o ambiente do cinema mudo.

Vencedor do Adelaide International Buskers Festival - 2006.»

Maiores de 18 - stand-up comedy para adultos: «Todos nós temos uma faceta pervertida, radical, de extremos, que escondemos das outras pessoas, onde dizemos, fazemos ou pensamos coisas que temos vergonha de mostrar à nossa mãe. Este é o mundo de Maiores de 18. Sexo, política, raiva e ainda mais sexo num espectáculo que vai do ofensivo ao poético, com uma comédia agressiva para uma sociedade agressiva. Este espectáculo pode mudar a tua vida... ou talvez não!»


Podem consultar datas e locais das próximas apresentações no site oficial de Pedro Tochas. Por cá, iremos falar do percurso absolutamente original deste artista: como num meio cada vez mais condicionado e industrializado ele se desenvencilhou sozinho, impôs o seu estilo, o seu ritmo, a sua agenda. Que dificuldades teve?; a água com gás foi realmente importante na sua carreira?; acha que agora o público está mais informado e que, de uma vez por todas, já não toma água com gás só quando está mal disposto?; há diferenças substanciais entre o público português e o estrangeiro?; que conselhos dá a quem está agora a começar a carreira e se queira mandar para a frente sozinho, sem rede?; que arranje uma rede?; e há marcas boas no mercado?

Perguntem, comentem, digam da vossa vivência de espectadores pedrotochianos, caso o sejam, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários. Ficamos à espera, às 19, com Fernando Alvim e Rita Amado.

quinta-feira, março 15, 2007

Uma Prova Oral soalheira



Chama-se Hélder Martins, o nosso convidado, e é o director do evento «Algarve Convida», que decorrerá entre os dias 16 e 18 de Março no Pavilhão Atlântico.

Sobre o evento, lemos: «Siga os tons de azul que dão cor às praias algarvias e encha-se de energia! Descubra o charme e o conforto de alguns dos melhores hotéis de Portugal, campos de golfe e marinas de primeira qualidade, as emoções dos grandes eventos, os mais divertidos parques aquáticos e de diversão, os sabores da cozinha regional, o requinte dos casinos ou a constante animação nos bares e discotecas.»

Nós sabemos, nós sabemos: se por um lado esta pontinha de calor primaveril nos faz a todos levantar menos resmungões da cama, por outro torna-nos mais irritadiços no aquário dos escritórios, dos autocarros, das salas de aulas, dos andaimes ou onde quer que se trabalhe - perante a perspectiva de umas férias ainda tão distantes; «e agora», pensarão vocês, «vêm-me estes tipos falar de Algarve como quem mostra um chocolate a uma criança sem qualquer intenção de lho dar». Mas não foi de propósito: calhou.

Por isso não amuem, vá lá, vá lá, e partilhem connosco as vossas delícias algarvias: praias da vossa preferência, comidas, bebidas, bares, cheiros, horas do dia, hábitos que não dispensam, a paisagem (não se esqueçam do interior, que nem só de litoral é feito o Algarve), as mulheres, os homens, os espectáculos, os eventos, o sol... enfim: falem-nos do vosso especialíssimo e intransmissível Algarve. O telefone é o 800 25 33 33, a partir da 19, com Fernando Alvim e Rita Amado.

quarta-feira, março 14, 2007

João Garcia, depois do Evereste



Sobre João Garcia, o nosso convidado de hoje: «Nasceu em Lisboa, em 1967. Aos 16 anos iniciou-se na escalada em rocha, na Serra da Estrela, passando à escalada em neve e gelo, nos Alpes. A subida ao cume do Evereste, o monte mais alto do mundo (8.850m), pisado pela primeira vez por Edmund Hillary e Tenzing Norgay, faz dele o único português a alcançar este feito sem recurso a oxigénio artificial. Para além do Evereste, João Garcia, que pertence à elite do montanhismo mundial, já conquistou outros sete picos com altitudes superiores a 8.000m, um feito ao alcance de muito poucos.»

Sobre o livro que ele escreveu, «Mais Além - Depois do Evereste», editado pela ASA: «Em 1999, João Garcia tornou-se o primeiro e único português a atingir o mítico cume do Evereste. Esta subida bem sucedida foi, no entanto, dramática: o seu companheiro de subida, o belga Pascal Debrouwer, sofreu uma queda, já na descida, à qual não sobreviveu e João Garcia sofreu graves queimaduras por congelamento que levaram à amputação de alguns dedos das mãos e dos pés. No ano 2000, após algum tempo de recuperação, João Garcia decidiu testar a sua capacidade física e emocional para continuar a fazer aquilo que mais gosta: escalar montanhas. Depois de um regresso ao Evereste, para uma pequena homenagem ao seu companheiro falecido, um périplo pelas montanhas do Peru, Nepal, Paquistão e Antárctica provou-lhe que está apto para continuar. Deste périplo nasceu um novo livro, Mais Além, um testemunho da coragem e determinação de quem não quer desistir.»

O que leva uma pessoa a arriscar a vida para escalar uma montanha?; o que a leva a querer subir sempre mais alto?; Como foi processo de recuperação do trauma, mais que o físico, o emocional, pela perda de um companheiro de escalada?; passa, às vezes, pela cabeça desistir?; e o que se traz para casa, no fim da aventura?

Parece-me pois que vamos falar de muito mais do que de alpinismo: vamos falar de determinação, de vencer obstáculos aparentemente impossíveis, de nos excedermos a nós próprios - e de todas esses itens que, em certos sermões, parecem clichés pirosos, mas que contados por quem realmente se pôs à prova, soam de maneira diferente e são-nos de outro proveito.

O número para os vossos comentários, perguntas e relatos de proezas (fazer o pino, a espargata ou cair violentamente da bicicleta à porta da C+S sem tirar o sorriso do «não foi nada, não foi nada» da cara, também conta) é o 800 25 33 33 e a subida começa às 19 horas, com Fernando Alvim e Sílvia Baptista.

terça-feira, março 13, 2007

Querida, encolhi o Shakespeare para 97 minutos



A Prova Oral gostou tanto de ter ido ontem ao teatro que hoje resolveu repetir a dose, desta vez com As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos . E, novamente, actores à conversa, os três protagonistas desta peça: João Carracedo, Manuel Mendes e Simão Rubim. A sinopse da praxe:

«O espectáculo As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos, de Adam Long, Daniel Singer e Jess Borgeson, é uma condensação de alta velocidade, género montanha-russa, das obras do grande dramaturgo inglês, William Shakespeare. Uma comédia / farsa hilariante, com João Carracedo, Manuel Mendes e Simão Rubim, que revisita as trinta e sete obras de Shakespeare: as tragédias, as comédias, as peças históricas e até os sonetos!Este enorme êxito teatral português, conforme toda a crítica o atesta, está em cena há mais de 9 anos e foi visto por 148.890 espectadores. O espectáculo fez 112 digressões e 971 representações até à data.»

Sim, leram bem: em cena há mais de 9 anos, 148.890 espectadores e 971 representações. Mas afinal há crise de espectadores de teatro ou não?; qual o segredo de tal longevidade e afluência? - é por ser comédia?, é por ser Shakespeare?, é por ser Shakespeare sem a ameaça de três horas de nádega sentada? E como se aturam uns aos outros três actores durante tanta digressão seguida? (aposto que o «ser ou não ser, eis a questão» terá sido volta e meia substituído por um «aperto-lhe o pescoço ou não lhe aperto o pescoço»).

Bem, no meio de tanto espectador, não acredito que não haja um ou outro «cliente» da Prova Oral: pois que se manifeste e nos faça a crónica do que viu e ouviu, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários deste blog. A partir das 19, com Fernando Alvim e Cátia Simão.

segunda-feira, março 12, 2007

Os pequenos crimes conjugais da Margarida



A Prova Oral vai hoje ao teatro ou, por outra, é o teatro que vem à Prova Oral, pela mão da belíssima actriz Margarida Marinho, co-protagonista, com Paulo Pires, da peça «Pequenos crimes conjugais», em cena no Salão Nobre do Teatro Nacional Dona Maria II, de 30 de Janeiro a 1 de Abril (não é mentira). Uma sinopse, para vos ambientar:

«Jaime sofre de amnésia, após ter sido vítima de um misterioso acidente. Ao regressar a casa, para a sua esposa de há quinze anos, Luísa, Jaime é um estranho, até para ele próprio. Rapidamente instala-se um clima de desconfiança e insegurança entre ambos.

Quem é, afinal, Jaime? Quem é Luísa? Através de um diálogo sobre questões como a fidelidade e a individualidade, ambos tentam reconstruir a sua vida em comum mas, acima de tudo, a sua existência. Mas e se Luísa estiver a mentir? Poderá Jaime acreditar que é de facto o homem que Luísa lhe descreve? A procura da verdade será o grande objectivo desta peça, repleta de surpresas.»

Falemos de teatro: o que têm andado vocês a ver nos últimos tempos?; quem já viu esta peça, diga-nos o que guardou dela; quem não viu, que pergunte sobre o que pode ver - têm à mercê a melhor interlocutora possível para isso. Falemos de teatro, dizia eu, mas também do quotidiano onde ele vai beber: imaginem-se amnésicos; como vos descreveria a vós próprios a pessoa que amam ou com quem vivem? (as duas situações não são equivalentes); e confiariam vocês nessa descrição, ao ponto de, baseados apenas nela dizerem «eu sou esta pessoa»?; ou - que hoje, certamente por ser segunda-feira, estou virado para a transcendências - resiste o amor à amnésia?

Só não se esqueçam do número de telefone, 800 25 33 33 - e, caso não se lembrem, do outro lado estão o Fernando Alvim e a Rita Amado. A partir das 19.

sexta-feira, março 09, 2007

Técnica de Negociação e Vendas segundo Pedro Aguiar



Para hoje estávamos indecisos entre abordar os códigos sociais das medusas, dissecar a problemática dos tapumes das paredes dos prédios dos anos cinquenta, debater a ergonomia de certos espremedores de citrinos, desmontar a dialéctica do ser ou não ser, ou até mesmo - imaginem - falar de sexo. Mas num ímpeto de rebeldia dissemos «não» e o assunto escolhido foi, nada mais nada menos, «Técnica de Negociação de Vendas» - e para tal, estará connosco, como convidado, o doutor Pedro Aguiar.

Sempre se vendeu, sempre se comprou, sempre se negociou: que aspectos do processo mudaram nas últimas décadas?; a importância do contacto pessoal mantém-se, embora a banalização e a facilidade da comunicação à distância?; o que é um bom vendedor ou negociador nos dias de hoje?

Têm para vender?; têm para comprar? - então negociem connosco via 800 25 33 33, loja aberta a partir das 19, com os simpatiquíssimos merceeiros Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

quinta-feira, março 08, 2007

A Prova Oral vai à Guerra



O nosso convidado de hoje, Jorge Cardoso é - vejam lá bem, que tem tudo a ver - economista de formação e profissão e neste momento trabalha como técnico superior no Banco de Portugal. Sobre o livro que escreveu, «A Guerra dos Sexos», editado pela Guerra & Paz, diz-nos a nota de imprensa:

«O livro ideal para oferecer ao seu amante. Sentirá as melhoras nos dias imediatos à leitura. Caso não surta efeito, lamentamos não prometer a devolução do seu dinheiro, mas asseguramos-lhe que está na altura de mudar de parceiro.

A seguir, tornamos claro o que é que, de forma muito exacta, os homens e as mulheres poderão, com este livro, ficar a saber (e não sabiam) sobre o sexo oposto

Homens
Querem saber porque é que as mulheres chegam atrasadas? Porque é que se "armam" em difíceis? Porque são tão sensíveis? Porque é que vão à casa de banha juntas? Porque é que adoram fazer compras, sobretudo quando estão deprimidas? Porque é que se desleixam após o casamento? Porque choram quando estão felizes ou dizem "não" quando querem dizer "sim"? Quais os traços característicos da sua personalidade e qual a melhor forma de lidar com elas? Então, está na altura de ler este livro.

Mulheres
Querem saber porque é que os homens são tão apressados nas paixões? Porque parece só pensarem em sexo? Porque é que adormecem após fazerem amor? Porque preferem a pornografia ao erotismo? Porque é que esquecem pormenores tão importantes como a data do primeiro beijo? Porque é que não são discretos e gostam de contar aos amigos as aventuras? Porque é que são tão piegas quando estão doentes? Quais os traços característicos da sua personalidade e qual a melhor forma de lidar como eles? Então, está na altura de ler este livro.»

Está, pois, toda a gente convocada para a bulha (não tem nada a ver com a Raquel): chegou mesmo ao fim a guerra dos sexos?; se sim, ligue o 800 25 33 33, se não, ligue o 800 25 33 33 (não se enganem, que os dois números são muito parecidos). A partir das 19, com Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

quarta-feira, março 07, 2007

A Brava Dança dos Heróis do Mar



E eis o filme que eu há muito desejava ver: chama-se Brava Dança e foi escrito e realizado, respectivamente, por Jorge Pereirinha Pires e José Francisco Pinheiro - convidados de hoje na Prova Oral.

O tema do filme - aliás, documentário - anda à volta da história dos «Heróis do Mar» e de um certo Portugal, sobretudo Lisboa, desse tempo: a música, a arte de uma maneira geral, os estilos de vida e as mentalidades desse início dos anos de oitenta, quando a memória da vivência em ditadura era ainda muito fresca, e a politização dos artista tantas vezes aguerrida.

A seguir, uma série de excertos de coisas ditas longo do documentário, que dão uma boa imagem do ambiente vivido na altura. Gostaríamos que pegassem nelas e as comentassem:

«Nós tínhamos uma letras mesmo giras e eles disseram que não podia ser. As canções tinham outros nomes. A "Saudade" chamava-se "Marchar sobre Lisboa". A "Brava Dança" chamava-se "Guerra Nacional"... No nosso entender, aquilo que fizemos e que parecia arrojado, para nós já tinha uma grande dose de cedência. Mas uma dose quase insuportável!» Pedro Aires Magalhães

«Aquilo mexeu connosco, nós éramos miúdos e chamarem-nos banda fascista, foi uma grande estalada! Mas quanto mais difícil é, mais inteligente te tornas para tentar ultrapassar essa contrariedade - e por outro lado, de repente e sem grande trabalho, toda a gente sabia quem eram os Heróis do Mar!» Vários

«O ambiente de Lisboa era fantástico, vivia-se na altura uma movida lisboeta: toda a gente escrevia, fazia vídeos, roupa, tudo na maior pantominice de sair à noite até às tantas - durante cerca de seis anos as pessoas não dormiram!» Rui Pregal da Cunha

«Não era só chocar as pessoas. Todo aquele trabalho resultava de uma actividade poética muito forte, e havia ali uma necessidade muito grande de transcender o país daquela altura.» Edgar Pêra

«Embora nós não parecêssemos punk, não tivéssemos cabelo espetado e correntes, a nossa atitude como banda e a nossa intervenção como artistas, era completamente punk e situacionista. E foi isso que chocou mais as pessoas.» Paulo Pedro Gonçalves


Falem-nos também da vossa memória dos «Heróis do Mar»~, da década dos «Heróis do Mar», quer a tenham vivido mesmo, quer saibam dela apenas por narrações alheias. O número é o 800 25 33 33. A partir das 19, com Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

terça-feira, março 06, 2007

A Prova Oral em Estádio de Choque



Então e se hoje falássemos de futebol? Alguma vez tinha que acontecer, não é? Porém, não será sobre o jogo em si, mas sobre aquilo que anda à volta dele - coisas nem sempre muito desportivas, como nos poderá explicar Rui Santos, autor de «Estádio de Choque», recentemente publicado pela Esfera dos Livros.

Sobre Rui Santos:
Nasceu em Lisboa a 6 de Junho de 1960 e leva 30 anos a escrever na imprensa. Jornalista profissional, cumpriu longa parte da sua carreira ao serviço do jornal ‘A Bola’, onde publicou o seu primeiro artigo a 12 de Janeiro de 1976. Durante 26 anos, ocupou diversos lugares de chefia (inclusive o de chefe de redacção), editando revistas e outras publicações especiais, uma das quais com algum impacto internacional. Ao deixar ‘A Bola’, por vontade própria, considerando que se tinha fechado um ciclo, também crítico em relação à forma como se passou a entender o jornalismo, sempre muito dependente de outros poderes, rapidamente começou a escrever no ‘Correio da Manhã’, onde todas as semanas assina uma página de opinião, estabelecendo pontes entre futebol e política. Actualmente é comentador da SIC e da SIC Notícias, onde o seu programa ‘Tempo Extra’ é uma referência no universo do cabo.

E sobre o Estádio de Choque:
«Pessoas a servir-se do futebol sempre houve e continuará a haver. O problema é este Estado chamado Futebol estar a rebentar pelas costuras. É como um Planeta na iminência de explodir. Com tantas e tão graves atrocidades perpetradas sobre o ‘meio ambiente’, a dúvida capital é se há tempo e meios para se evitar a extinção?!» Estádio de Choque é uma análise cuidada e inteligente do universo do futebol em Portugal feita por quem há mais de 30 anos pisa este campo explosivo. Sem nunca esconder as palavras, mas com alto sentido pedagógico e de responsabilidade, Rui Santos revela, mais uma vez a sua grande determinação em combater, pela escrita, as fórmulas fáceis e comuns, no futebol português.

É um tema quente, exaltado por natureza, onde tantas vezes se confunde alegremente (e alarvemente) factos com interpretação dos factos - à luz (ou à cegueira) das paixões clubistas: alguma vez seremos capazes de despir a camisola do clube e apontar sem contemplações os podres que pululam por todo o Planeta Futebol?; e quando seremos nós, em relação ao nosso clube, tão exigentes em matéria de ética desportiva como somos de resultados?; ou por outra, futebol e sensatez poderão alguma vez coexistir?; o golo do Maradona foi mesmo marcado com a mão?; qual a importância do menisco?; e na próxima jornada, conseguirá o Marrazes ganhar ao Ansião?

O 800 25 33 33 e a caixa comentários à mercê dos vossos remates; o Fernando Alvim e a Marisa Jamaica na arbitragem - a partir das 19, no Estádio da Antena 3 (ui, já não fazia trocadilhos há uma data de tempo).

segunda-feira, março 05, 2007

Luís Carmelo na Prova Oral



Luís Carmelo estudou sociologia, árabe e literatura, em Portugal e na Holanda; doutorou-se pela Universidade de Utreque e é professor universitário, romancista, ensaísta (entre romance e ensaio tem mais de vinte livros publicados) e um dos bloggers mais visíveis da blogosfera lusa, através do seu miniscente.

Vamos hoje falar com ele de todo este percurso mas, sobretudo, do seu último romance «E Deus pegou-me pela cintura», acabadinho de sair pela Guerra & Paz.

Pelo enredo do livro passa o sequestro, no Líbano, de uma jornalista portuguesa e duas italianas, acontecimento fictício que, nos dias de hoje - pronto, mesmo nos de ontem, mas especialmente nos de hoje -, poderia muito bem ser real.

Aliás, ciente disso, a editora e o autor lançaram uma pré-campanha de promoção algo original por estes lados, espalhando nalguns blogues a notícia desse sequestro como sendo um facto, relevando apenas mais tarde tratar-se de ficção. A estratégia causou alguma polémica, uma vez que muitos blogues aderentes eram tidos como credíveis nas notícias que divulgavam e foram acusados de se aproveitarem da boa fé dos seus leitores.

Este é também um bom mote para a conversa, as contaminações - legítimas?, ilegítimas? -entre realidade e ficção: telefonem, comentem, digam de enredos ficcionados e personagens de ficção que, de tão marcantes, vos façam parte da vida como se tivessem, de facto, existido; e outros reais que, pelo contrário, de tão irreais, parecem reminiscências de algum livro esquisito que inadvertidamente abriram: vale o Capuchinho Vermelho, a Branca de Neve, o Zorro, a Blimunda, o coronel Aureliano Buendía, o advogado criminalista Mandrake, o vosso senhorio, a vossa tia de ósculos ruidosos, rechonchudos e molhados, o presidente da junta, o caniche da vizinha e por aí adiante.

É o 800 25 33 33, a partir das 10, com Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

Em cima, um vídeo usado para ilustrar o rapto de Rute Monteiro, personagem de «E Deus pegou-me pela cintura», de Luís Carmelo.

sexta-feira, março 02, 2007

O meu Estado Civil é melhor que o teu



Luís Luz é natural de Riachos, actualmente residente em Cuba e professor no Instituto Politécnico de Beja. Entretanto casou-se. Depois fez um blogue. Do blogue saiu um livro (onde é que eu já ouvi esta história?) com o mesmo nome, «Vida de Casado», editado pela Magnólia no fim do ano passado. E como se não bastasse esta miríade de acontecimentos, hoje vem à Prova Oral. Um excerto do livro:

«Foi o IRS o causador desta minha situação. Resolvi fazer umas contas e cheguei à conclusão que casado descontava menos do que apenas vivendo em conjunto, pelo que lá fomos à conservatória assinar uns papéis e pronto, começou uma nova fase da minha vida. No início até era porreiro, alugamos uma casa e pela primeira vez podíamos ter relações sem eu ter ejaculações precoces resultantes do medo de aparecer o pai ou a mãe de repente na sala onde supostamente tínhamos ficado a ver um filme. Passei a ter ejaculações precoces por outras razões, mas pude tê-las em qualquer divisão da casa, o que foi em si um avanço. Para além disso e também pela primeira vez, pelo menos durante tanto tempo, passamos a dormir sempre juntos e com a mania que nos tínhamos que tocar sempre, o que no Verão no Alentejo numa casa com telha preta e quarto no sótão mostra bem o quanto estávamos apaixonados. No entanto, quando íamos a casa dos pais, tirávamos férias um do outro, pois casado casado só pela igreja, dito de outra forma, só aceitavam que dormíssemos juntos depois de um gajo que nunca deu uma queca (e que se gaba disso) dizer que éramos marido e mulher. Mais uma vez fiz as contas e uma vez que os velhos aceitavam pagar quase todas as despesas, fomos em frente e (outra alegria da vida de casado) fizemos uma pipa de massa com o dinheiro dos convidados.»

A emissão de hoje, parece-me, vai ser um autêntico «solteiros contra casados» com muita entrada dura (ia dizer por trás mas é melhor não) e estão todos convidados, mesmo aqueles que, não sendo solteiros, também não são lá muito casados, vice-versa, divorciados, viúvos e malta que está «a dar um tempo à relação» para, via 800 25 33 33 ou caixa de comentários desta entrada, esgrimirem os vossos argumentos: vantagens e desvantagens do estado civil em que se encontram.

A partir da 19, com Fernando Alvim e Cátia Simão.

É impressionante como os singelos segundos de vídeo que aparece no topo desta entrada (saídos da magnífica série «Mad About You», que passou por cá há uns anos), dizem tanto sobre a vida de casado de muito boa gente.

quinta-feira, março 01, 2007

Uma Prova Oral Filosófica


O vídeo para ilustrar o tema, não podia ser outro se não esta obra prima dos Monty Python

Então e se hoje falássemos de Filosofia? Querem? Pronto, está bem. E mais do que de filosofia num sentido lato, falemos especificamente de Aconselhamento Filosófico - de quê?, perguntarão vocês.

Para nos responder a essa questão e a questões vizinhas dessa (as questões vivem em bairros muito populosos), convidámos Jorge Dias, professor de Filosofia, Formador e Consultor para a área da Ética. Tem realizado sessões de Aconselhamento Filosófico Individual, tendo-se especializado na Society for Philosophy in Practice, em Londres. É membro do Conselho Científico da «Revista Internacional de Filosofia Prática» (Grupo ETOR - Universidade de Sevilha) e foi convidado para ministrar um seminário de Aconselhamento Ético no Mestrado: «Prática Filosófica e Gestão Social», na Universidade de Barcelona. É também o presidente da Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico e autor do livro «Filosofia Aplicada à Vida», editado pela Ésquilo em 2006.

Será uma consulta de Aconselhamento Filosófico similar à do dentista?; em que o filósofo, do lado de lá da secretária, nos pergunta «o que é que lhe dói», nós respondemos «a alma», e ele «sim, mas em que sítio especificamente», e nós, «não sei explicar bem, senhor doutor», mandando-nos ele a seguir deitar na marquesa, apalpando-nos depois a existência toda - «avise quando doer» -, de uma ponta à outra até ao «ai» revelador da maleita? E depois, feito o diagnóstico, receitar-nos-á Kant «para tomar de manhã, em jejum»?, um Zizek antes do almoço?, um coquetel de Eduardo Lourenço e Padre António Vieira à tardinha?, um Descartes Forte antes de dormir? - e a indicação de que «no seu estado é conveniente não abusar de Nietzsche»?

Via 800 25 33, digam-nos da Filosofia dos vossos dias, se dão por ela entremeada no coisinhas quotidianas, ou se, pelo contrário, não fazem a mínima ideia do que se fala quando se fala de Filosofia - é que através do nosso convidado podemos todos ficar a saber. Perguntem: é giro ganhar respostas em troca (ou então perguntas novas). A partir 19, com Fernando Alvim e Cátia Simão.

Para um lento fade out desta entrada de blog, uma preciosidade do nosso caro Nuno Costa Santos:

MELANCÓMICO

Era cómico e melancólico.

Não sabia
se no momento da morte
iria contar uma piada
ou sentir o último peso da existência.