quarta-feira, março 07, 2007

A Brava Dança dos Heróis do Mar



E eis o filme que eu há muito desejava ver: chama-se Brava Dança e foi escrito e realizado, respectivamente, por Jorge Pereirinha Pires e José Francisco Pinheiro - convidados de hoje na Prova Oral.

O tema do filme - aliás, documentário - anda à volta da história dos «Heróis do Mar» e de um certo Portugal, sobretudo Lisboa, desse tempo: a música, a arte de uma maneira geral, os estilos de vida e as mentalidades desse início dos anos de oitenta, quando a memória da vivência em ditadura era ainda muito fresca, e a politização dos artista tantas vezes aguerrida.

A seguir, uma série de excertos de coisas ditas longo do documentário, que dão uma boa imagem do ambiente vivido na altura. Gostaríamos que pegassem nelas e as comentassem:

«Nós tínhamos uma letras mesmo giras e eles disseram que não podia ser. As canções tinham outros nomes. A "Saudade" chamava-se "Marchar sobre Lisboa". A "Brava Dança" chamava-se "Guerra Nacional"... No nosso entender, aquilo que fizemos e que parecia arrojado, para nós já tinha uma grande dose de cedência. Mas uma dose quase insuportável!» Pedro Aires Magalhães

«Aquilo mexeu connosco, nós éramos miúdos e chamarem-nos banda fascista, foi uma grande estalada! Mas quanto mais difícil é, mais inteligente te tornas para tentar ultrapassar essa contrariedade - e por outro lado, de repente e sem grande trabalho, toda a gente sabia quem eram os Heróis do Mar!» Vários

«O ambiente de Lisboa era fantástico, vivia-se na altura uma movida lisboeta: toda a gente escrevia, fazia vídeos, roupa, tudo na maior pantominice de sair à noite até às tantas - durante cerca de seis anos as pessoas não dormiram!» Rui Pregal da Cunha

«Não era só chocar as pessoas. Todo aquele trabalho resultava de uma actividade poética muito forte, e havia ali uma necessidade muito grande de transcender o país daquela altura.» Edgar Pêra

«Embora nós não parecêssemos punk, não tivéssemos cabelo espetado e correntes, a nossa atitude como banda e a nossa intervenção como artistas, era completamente punk e situacionista. E foi isso que chocou mais as pessoas.» Paulo Pedro Gonçalves


Falem-nos também da vossa memória dos «Heróis do Mar»~, da década dos «Heróis do Mar», quer a tenham vivido mesmo, quer saibam dela apenas por narrações alheias. O número é o 800 25 33 33. A partir das 19, com Fernando Alvim e Marisa Jamaica.

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