Excerto de um documentário sobre García Márquez. Está em castelhano, mas com jeitinho percebe-se o que dizem. Se procurarem, no youtube há mais excertos. Vale a pena.
Hoje é o Dia Mundial do Livro. Entre muitas iniciativas por esse país fora, a Casa Fernando Pessoa, por exemplo, está a organizar uns mega-saldos de livros a partir de 1 euro e descontos que podem ir até aos 80% (em tempo de crise, sabe muito bem); também em Lisboa, a Rua Augusta, durante este período e até ao fim de Maio, vai mudar de nome e passar a chamar-se «Rua do Livro». E a Prova Oral, querendo meter-se - e muito bem - ao barulho, convidou para a emissão de hoje uma escritora de mão cheia, Luísa Costa Gomes, autora de, entre outros livros, «A Pirata» (editorial Dom Quixote, 2006) e «Educação para a tristeza» (Presença, 1999).
Vamos, então, falar de livros. Primeiro, e aproveitando a presença da nossa convidada, vamos saber como escreve, que vícios, hábitos, rotinas lhe acompanham a escrita, de como as histórias vêm ter consigo e como se desenvolvem no papel (ou no monitor do computador). E do ponto de vista de todos nós e vocês que nos ouvem, leitores, queremos que nos digam dos livros que mais vos marcaram, que nos transcrevam inclusive, na caixa de comentários do blogue - ou recitem pelo 800 25 33 33 -, parágrafos ou meras frases lidas que vos não largaram mais a memória; falem-nos de personagens por quem desenvolveram alguma paixão ou mesmo desamor visceral; dos sítios onde preferem ler; das livrarias mais charmosas onde entraram, cá ou lá fora, durante alguma viagem; dos títulos mais estapafúrdios com que se depararam (tomem como exemplo estes, que Pedro Mexia postou no seu blogue; o meu preferido dessa lista é o «How to Shit in the Woods, an Environmentally Sound Approach to a Lost Art»). E já agora, façam de repórteres da Antena 3 e dêem-nos conta de iniciativas que estejam a decorrer para os vossos lados, a propósito do Dia Mundial do Livro.
A partir das 19, com Fernando Alvim e Rita Amado. E em jeito de delicado fade out desta estrada de blogue, deixo-vos «Um adeus português», de Alexandre O'Neill, um dos mais belos - dizem as boas línguas - poemas de amor escrito em português.
Vamos, então, falar de livros. Primeiro, e aproveitando a presença da nossa convidada, vamos saber como escreve, que vícios, hábitos, rotinas lhe acompanham a escrita, de como as histórias vêm ter consigo e como se desenvolvem no papel (ou no monitor do computador). E do ponto de vista de todos nós e vocês que nos ouvem, leitores, queremos que nos digam dos livros que mais vos marcaram, que nos transcrevam inclusive, na caixa de comentários do blogue - ou recitem pelo 800 25 33 33 -, parágrafos ou meras frases lidas que vos não largaram mais a memória; falem-nos de personagens por quem desenvolveram alguma paixão ou mesmo desamor visceral; dos sítios onde preferem ler; das livrarias mais charmosas onde entraram, cá ou lá fora, durante alguma viagem; dos títulos mais estapafúrdios com que se depararam (tomem como exemplo estes, que Pedro Mexia postou no seu blogue; o meu preferido dessa lista é o «How to Shit in the Woods, an Environmentally Sound Approach to a Lost Art»). E já agora, façam de repórteres da Antena 3 e dêem-nos conta de iniciativas que estejam a decorrer para os vossos lados, a propósito do Dia Mundial do Livro.
A partir das 19, com Fernando Alvim e Rita Amado. E em jeito de delicado fade out desta estrada de blogue, deixo-vos «Um adeus português», de Alexandre O'Neill, um dos mais belos - dizem as boas línguas - poemas de amor escrito em português.
UM ADEUS PORTUGUÊS
Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
*
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.
(Alexandre O'Neill, Poesias Completas, Assírio & Alvim, 2005)
25 comentários:
UI, então vinha eu comentar o tema de hoje e afinal já vamos falar de outra coisa?!?!?!
Caty
Pois. Anda para aqui alguma agitação de temas, de facto, mas este é de vez: hoje vamos mesmo ter livrinhos na ementa. Toca a comentá-los. Até logo.
Excertos retirados de "Boris Vian por Boris Vian", uma pequena homenagem ao meu escritor favorito:
“É muito menos indecente dormir juntos do que olhar nos olhos um do outro”
“Detesto acima de tudo as mulheres que julgam que podem ser feias porque são inteligentes. Felizmente nunca encontrei uma mulher inteligente”
“Somos forçados a dizer que do que ela precisa não é de um soutien, antes de um par de redomas”
“Não sabendo a que seio me dedicar, optei pelo mais confortável, o esquerdo de Marylin Monroe (o direito está um pouco cansado devido à vida quotidiana que leva)”
“A dor é uma coisa que apenas temos o direito de infligir a nós próprios”
“Gosto de dormir com as persiana abertas porque isso me impede de dormir – e eu detesto dormir”
“Nem militares nem padres porque o meu sonho foi sempre morrer sem intermediários”
“Os artigos de fundo não sobem à superfície”
“Pessoalmente, não sei mesmo o que é belo, mas sei do que gosto, e acho isso amplamente suficiente”
“O dinheiro não faz a felicidade daqueles que não o têm”
“Não quero ganhar a minha vida, já a tenho”
Seja. Eu sou daqueles que vêem o fim do livro calado, o seu trágico metamorfismo em simples papel, mas é isso que é finalmente um livro podem dizer, papel pintado organizado numa lógica aparentemente lógica. O livro é (ou foi) um meio para um fim, para um sonho, uma visão. Esse livro está em vias de extinção, a sua mística a morrer. Hoje, naquilo que podemos chamar de era Xerox, crescem nas livrarias torres de papel, sarcófagos de cartão que acolhem as mais recentes produções romanescas, misteriosos mistérios, torres e torres de papel que um metafórico avião deita abaixo todas as semanas, para logo depois outras torres nascerem, num ciclo em aceleração exponencial. Deixo então a pergunta: Assim sucessivamente até ao infinito o livro morre devagar?
Faz-me falta ler... mas perdi a pica... o sonho alimenta muita coisa, sonho traído desmorena tudo...
Leiam longe dos ricos... pois esses podem tirar o sono, a pica e não só...
Fiquem bem.
Já que escolheram um video de Gabriel Garcia Marquez, aproveitemos para tirar o chapéu a este senhor, dignissimo de qualquer prémio Nobel da literatura... Quem pode ficar indiferente a "Ninguém escreve ao Coronel" e a "Cem anos de Solidão"? Apesar de tudo sou defensora do conceito: O Português é que é bom - e o mesmo se aplica à escrita... Se somos um país de poetas natos,(até nos andaimes se faz poesia) porque é que não somos detentores de mais prémios Nobel da Literatura? Será que não nos damos a conhecer ao mundo no que diz respeito à arte de bem escrever?
E por favor, alguém leve o Miguel Esteves Cardoso à Prova Oral :)
Rita
Cada vez mais é incorrecto seguir a lista dos 100 livros que se tem de ler até morrer (ou coisa do genero).
Por exemplo "os Lusiadas" é um extraterrestre na cultura portuguesa e cada vez mais é um estraterrestere renegado ao qual cada vez menos pessoas reconhecem qualidade.
Quando é que vai deixar de ser reconhecido á força como uma peça da cultura portuguesa para passar a ser um simples livro?
O tecido morto alem de não ter utilidade, atrapalha e provoca gangrena até que se ampute ou até á morte. E os cadaveres mortos atraem doenças até á sua decomposição completa...
O livro agora é a tv do passado e a tv de agora é o livro do passado.
A tv evoluiu de uma "coisa" em que as pessoas ficavam embasbacadas a olhar, até um motivador de interação entre as pessoas, de refleção e denuncia.
A corja dos livros insistiu que o livro ficasse parado no tempo pelo que fez o caminho contrario ao da televisão.
O que o Cesário disse é o inicio da explicação do que aconteceu ao livro que eu acho demasiado suave mas com um exemplo muito bem escolhido.
Gosto bastante de ler, e confesso que o livro que escolho depende bastante do meu estado de espirito.
Ler relaxa-me e leva-me para um mundo completamente aparte onde consigo me abstrair de tudo (ou quase tudo)!
Entre vários, o que mais me impressionou pela sua grandeza, até hoje, foi sem dúvida alguma: "O Perfume" de Patrick Suskïnd.A história fantástica e arrepiante de um serial killer.É tão fascinante o livro que ja o li quase que milhentas vezes.Em todas elas dou comigo em busca de odores, inclusivé o do meu mesmo corpo.
Para mim ler é estar em constante formação e evolução psiquica, intelectual e cívica do indivíduo.
Parabéns Alvim e toda a equipa, ADORO o vosso programa!
Ontem foi o dia Mundial da Terra.
Hoje vamos destruir árvores para fazer livros.
Boa tarde Alvim, Rita e convidada. Bem, falemos então de livros….
A escritora Alice Vieira diz algo com que eu concordo em absoluto. “O livro é um velho pássaro manhoso. As pessoas pensavam que o cinema e a rádio e a televisão iriam dar cabo dele, mas até agora isso ainda não aconteceu. E talvez não seja assim tão loucamente optimista esperar que, no século vinte e um, quando já tiverem passado à história todos os milagres modernos e muitos outros de que ainda não ouvimos falar, uma criança ainda possa ser encontrada aqui e ali, deitada de barriga para baixo em cima do tapete (ou seja lá o que for que nessa altura faça as vezes de tapete…), a anos-luz de distância dos que vivem ao seu lado, completamente imerso nas páginas de um livro.” Bonita esta imagem, não é?
Pois bem, gosto de ler e escrever, apesar de nos últimos tempos não ter muito tempo….Adoro romances e vocês já devem estar a adivinhar quem é um dos meus escritores favoritos? Nicholas Sparks, está claro. Acabei agora de ler “Juntos ao Luar”. É um livro extraordinário que nos mostra o verdadeiro lado do amor. É de uma intensidade emocional enorme, capaz de tocar qualquer coração…Enfim, como diz a sinopse é “um romance soberbo”. Não dispenso José Luís Peixoto (gosto muito do livro “Nenhum olhar”), Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Gabriel Garcia Marquez (“Cem anos de solidão”, é muito bom)…Bem, vou parar, se não sou capaz de ficar horas e horas aqui a enumerar todos aqueles escritores de quem gosto:)
Para mim, os sítios ideais para ler são: no comboio (se estiver sozinha, é perfeito); numa esplanada qualquer à beira-mar; ou simplesmente, nas escadas da minha varanda (num final de tarde de Verão).
A propósito de livros, dou-vos uma sugestão…uma boa sugestão:): a Feira do Livro que está a decorrer em Braga, no parque das exposições até dia 29 deste mês. Já visitei e recomendo.
Fiquem bem…Boas leituras...:)
Beijinhos
P.S. Alvim para quando Miguel Esteves Cardoso?
Simplesmente adoro ler e o que essa actividade me traz: um explorar de outras vidas, outros mundos e épocas. ou então, ter o prazer da surpresa de me ler nas suas páginas, pelas acções de determinadas personagens, como foi caso do Werther, de Goethe, belíssimo!
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa.
Para quem critica a obrigatoriedade de alguma leitura no ensino. Se isso não acontecesse nunca me tinha apercebido dos excelentes escritores que por aqui andaram ou andam. Entre todos os que li este poema marcou-me, porque considero uma boa filosofia de vida e que tento seguir. E viva a liberdade que nos permite escolher o que queremos ler! (já numa antevisão do 25 de Abril)
Por acaso ler é um dos meus hóbis favoritos, mas tenho a plena noção de que a maoiria dos portuguêses não o faz. Mas acho que se todos os pais lêssem uma historia aos filhos antes deles irem para a cama, tal como so meus faziam, daqui por uns anitos os portuguêses poderiam ler muito mais que hoje em dia...
Já agora deixo aqui um poema:
Se o Mário Mata,
a Florbela Espanca,
o Armando Gama,
e o Jorge Palma,
o que é que a Rosa Lobato Faria?
E, já agora,
Talvez a Zita Seabra para o António Peres Metello!
Alvim, dúvido que ele esteja a ouvir mas podias mandar um beijinho ao Eusébio da minha parte?!
A LUA de Joana nao e Obrigatorio no programa das escolas!
Hum.. eu tambem nao gosto que ninguem leia o 'meu' livro antes de mim. lol
E tambem nao gosto de ler aqueles livros que estao todos velhos.
Clro que os Filhos da Droga é dos livros que mais marcou até agr. ( convem dizer que tenho 17 anos xD ) .
Quanto a Lua de Joana, nao é um livro obrigatorio ;)
mas segue um pouco a linha dos filhso da droga. é onde uma adolesscente a Joana, vai escrevendo cartas a sua melhor amiga que tinha acabado de morrer por causa de overdose. e assim se vai desenvolvendo a historia. mas é bastante intressante.
Recentemente, um livro que me 'bateu' mesmo forte foi o ' Veronika Decide Morrer ', do Paulo Coelho.
kiss kiss *
Falando da "Fórmula de Deus", o livro é espantoso do ponto de vista desses campos opostos que são a ciência e a religião, pois aqui eles ficam muito próximos.
Mas do ponto de vista da qualidade da parte romântica gostava que a convidada comentasse o seguinte parágrafo com uma única palavra, de índole erótica, que ao descrever uma relação sexual diz:
"Entrou".
Um parágrafo, uma palavra, um acto sexual; no fundo o melhor resumo sexual jamais escrito.
O livro é bom sim senhor, mas a parte das metáforas deixa a desejar, certo?
ah. é verdade, o meu livro favorito de infancia era a Anita e a vizinha do Lado. xD
E quando começei a ler, mesmo, foi 'Uma Aventura'.
**
NÃO LEIAS ISTO!!!!
mas se leres responde-me ao seguinte:
A minha namorada acusa-me de eu só ler leitura OCA.
Ora eu gostava de saber se a obra " O MEU PIPI" É OU NÃO LEITURA OCA?
Abraço!
O que eu gosto mesmo é de "conversar com um livro". Quando isso acontece, já valeu pena, o autor conseguiu a façanha de fazer qualquer coisa de "novo". Fazer alguma coisa de original é cada vez mais difícil; a frescura de uma ideia nova, mesmo banal, é cada vez mais rara.
boas conversas, com os livros claro
O tema de hoje agrada-me particularmente... sou uma leitora compulsiva desde miúda.
Concordo com a convidada quando refere que os livros que nos marcam estão directamente relacionados com o momento que estamos a viver.
Descobri que ler enriquece o nosso mundo interior com Vergílio Ferreira aos 17 anos... a minha relação com o livro mudou para sempre:
"Medo do passado que podia ter sido e medo do futuro que poderá ser, é isso a inquietação de um espírito confuso entre duas forças de tracção. Possivelmente essa é a razão de uma tristeza sem ela para o outrora e de susto incerto do que não sabemos que nos ameaça".
Vergílio Ferreira, Pensar
Os miudos gostam dos lusiadas em testo não há ningem que goste dos lusiadas em poesia e muita gente até o odeia
Testo devia ser texto
Um dos meus livros preferidos (já o li há muito tempo) " A Casa dos Espíritos" de Isabel Allende.
Adoro ler mas normalmente também só leio à noite antes de me deitar ou nos Domingos de manhã quando acordo.
http://significados.livejournal.com
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